
El Niño: O que é e quais são seus efeitos?
December 10, 2015
Por Tom Philp
Manager, Science, ɫƵ Pricing, AXA XL
Este ano, o El Niño, previsto para ser um dos maiores já registrados, garantiu seu lugar nas manchetes ao redor do globo. Pedimos ao Dr. Tom Philp, Analista Cientifico da XL Catlin de Londres para explicar esse fenômeno e suas implicações com relação à gestão de riscos. Tom tem PhD em Ciências Atmosféricas da Universidade de Reading e também trabalhou como pesquisador na Universidade de Miami e na Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) nos EUA.
Sabemos agora que o importante fenômeno do El Niño está ocorrendo atualmente. O que exatamente é um El Niño?
Os fenômenos El Niño estão ligados à distribuição das temperaturas da superfície do mar (TSMs) no Pacífico Tropical. Para você ter ideia, em um ano normal, as TSMs tropicais são em média mais frias no Pacífico Oriental e mais quentes no Pacífico Ocidental. Esta diferença de temperatura cria um vento de superfície de leste para oeste. Ao chegar ao oeste - mais quente - o ar sobe, começa a esfriar e voltar para o leste em níveis superiores, e termina por mergulhar na água mais fria do Pacífico Oriental, onde o processo começa novamente. Este fluxo de ar acima do Pacífico é conhecido como a circulação de Walker.
Um fenômeno El Niño ocorre nos anos em que o centro quente do Pacífico Ocidental se espalha e se muda para um local mais para o leste do que o habitual. Se essa mudança nas TSMs quentes persiste, a região de ar ascendente muda e interfere em todos os outros padrões de circulação em todo o mundo. Isto causa um efeito de choque sobre o clima global.
Por que devemos nos preocupar com o El Niño do ponto de vista da gestão de riscos?
Simples, a partir de uma perspectiva global, a maior preocupação é que as mudanças nos padrões de circulação causam desvios nos períodos úmidos e secos em diferentes lugares. Embora isso possa parecer muito insignificante, a verdade é que isso muitas vezes provoca grandes impactos a propriedades e à agricultura: por exemplo, inundações e secas em áreas que não estão preparadas, ou ainda não conseguem se preparar para interferências desse tipo.
Estamos esperando grandes impactos do fenômeno El Niño neste ano?
Sem dúvida. Embora o El Niño ainda esteja em curso, ele geralmente atinge picos em torno de dezembro e, em seguida, rapidamente se desvanece um ou dois meses depois disso. Sendo que ele começou em abril/maio, muitos dos impactos do fenômeno deste ano provavelmente já aconteceram, ou estão em curso.
Há relatos de seca e recordes de temperaturas em partes da Austrália, a maior seca em décadas na Etiópia e um fenômeno global de branqueamento do coral pela terceira vez registrada na história, causados por altas nas TSMs acima das habituais.
Será que ele também causa efeitos na temporada de furacões?
Sim, e não apenas na temporada do Atlântico – acredita-se que cause impacto em furacões no mundo todo.
Geralmente, no Atlântico, os fenômenos El Niño são de fato associados a uma atividade de furacões menor do que a média, por uma série de razões, sendo uma das principais, que a mudança nos padrões de circulação em todo o mundo muitas vezes faz com que a velocidade do vento na parte mais alta da atmosfera tropical do Atlântico seja mais forte do que a habitual. Estes ventos fortes na parte mais alta da atmosfera fazem um furacão dissipar-se na base, caso ele consiga sequer formar-se. Neste ano, o Atlântico tem presenciado uma temporada abaixo da média até agora, provavelmente devido a alguns dos efeitos do El Niño.
No entanto, no Pacífico Central e Oriental, as condições que o El Niño cria tendem a aumentar substancialmente a atividade dos furacões. Tal como está, a atividade dos furacões no Pacífico Central é cinco vezes maior do que a que costumamos ver em uma temporada completa!
O tamanho do El Niño neste ano ganhou manchetes em todo o mundo. Quando foi a última vez que tivemos um fenômeno deste tamanho?
Esta é uma pergunta difícil de responder. Tal como está, 2015 está se moldando como o ano mais quente registrado dentro de uma margem substancial, devido em grande parte ao El Niño deste ano. No entanto, existe a necessidade de remover o efeito das mudança climática nas temperaturas médias globais se quisermos comparar a força do atual El Niño com eventos passados. O El Niño de 1997/98 é atualmente o mais forte fenômeno registrado, com anomalias de TSM do Pacífico de +4 a +5°C. Embora no momento este El Niño seja mais fraco do que aquele, com anomalias em torno de +3°C, podemos ainda não ter visto seu pico, portanto há uma chance de que possa chegar aos níveis de 1997/98.
Importante, porém, seria tentar não se atolar falando sobre a força dos fenômenos do El Niño, já que é um conceito bastante abstrato. Até mesmo fenômenos fracos e moderados têm enormes impactos globais - tudo depende de para onde as circulações que se deslocam vão mover as áreas de chuva e seca. Seja qual for a sua intensidade, todo El Niño tem potencial para grandes impactos globais.
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