
Empresas brasileiras que atuam em outros países precisam de uma gestão de risco diferenciada
August 27, 2014
Por Mauricio Giuntini
Líder de Marine na operação brasileira de seguros do AXA XL
O mundo está em constante transformação: um estudo do Centro de Pesquisa Econômica e de Negócios (CEBR, na sigla em inglês) aponta que em 2028 a China se tornará a maior economia do mundo, à frente dos Estados Unidos. No mesmo ano, a Índia superará o Japão e se tornará o terceiro país mais rico do globo. E, em menos de uma década, o Brasil deverá ser a quinta maior economia do mundo.
O Brasil conseguiu alavancar seu lucrativo mercado interno para enfrentar a última crise internacional, mas ampliar o crescimento só será possível indo além de suas fronteiras. E é o que as empresas brasileiras têm feito: de 2000 a 2010, o Brasil aumentou suas exportações em 266%, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O terceiro melhor resultado da série histórica da balança comercial brasileira foi registrado no ano passado, quando US$ 242,2 bilhões foram exportados de janeiro a dezembro de 2013. Esse volume é inferior apenas ao que foi registrado em 2012 (US$ 242,6 bilhões) e 2011 (US$ 256 bilhões).
À medida que as multinacionais brasileiras aumentam o intercâmbio comercial com outra nações, a necessidade de um seguro adequado de transportes e da gestão de risco adequada torna-se mais crucial. Pense em empresas sediadas aqui, mas com operações na Ásia, África, Europa e Estados Unidos – os riscos precisam ser gerenciados com relação a ativos, estoques e no transporte de bens e mercadorias, acabados ou peças. Entender as legislações locais que variam de país a país e, às vezes, de Estado para Estado, é um pré-requisito.
Não se trata de suposição, mas de uma realidade que tende a ser cada vez mais frequente: segundo a oitava edição do Ranking das Multinacionais Brasileiras, da Fundação Dom Cabral, as 63 empresas consultadas elevaram seu índice de internacionalização no ano passado para 18%, ante 17% em 2011 e 16% em 2010. Atualmente elas estão presentes, com operações próprias, em 84 países. Em sua busca por eficiência e competitividade, é imperativo buscar a gestão global dos riscos aqui mesmo, no Brasil.
Os programas mundiais são um modelo conhecido das multinacionais europeias e norte-americanas e com os quais o Brasil tem se envolvido cada vez mais. À medida que o país começa a ser tornar um player global, ele adquire o capital intelectual para gerir daqui os riscos de operações e estoques e transporte de cargas em todos os continentes. O XL Group já está subscrevendo programas mundiais para empresas brasileiras, porque esta é uma condição sine qua non para quem busca obter ganhos de informação, qualidade e escala. Nesse processo, estamos provando como é importante ter estruturas e profissionais locais para realizar a gestão de programas globais a partir do Brasil: o conhecimento e entendimento da complexidade do ambiente de negócios de nosso país é outro fator fundamental para um bom desempenho.
Da mesma forma, contar com parceiros que tenham redes locais nos países onde nossas multinacionais estão presentes, com seus produtos e/ou instalações físicas, é outra premissa inegociável para mitigar riscos e tentar evitar perdas. E isso só é possível com conhecimento local e domínio de saberes específicos. A complexidade do Direito Marítimo é tanta que, a título de exemplo, um navio não é considerado um navio para fins de seguro antes de ser lançado ao mar. Para quem optou por verticalizar a logística, com estaleiros, terminais de cargas e portos, este é um detalhe relevante. Para novos entrantes, por sua vez, questões de Compliance são um risco-chave que pode ser evitado ou minimizado com conhecimento local.
A presença local aqui e fora também assegura a agilidade de resposta, em caso de sinistro. Como dois terços (67%) da amostra da Fundação Dom Cabral declararam querer ampliar a atuação no exterior, seja por meio da expansão nas nações onde já atuam ou pela entrada em novos mercados, a centralização da gestão dos riscos na matriz, aqui no Brasil, com apoio em escritórios locais ao redor do planeta, tende a se tornar um fator cada vez mais preponderante para o sucesso. Os destinos mais citados são países da América Latina e Sudeste Asiático, além de China, Rússia e Canadá. E se importadores e exportadores contam cada vez mais com a tecnologia para rastreamento de suas mercadorias, hoje também podem utilizá-la para acompanhar suas apólices em todo o mundo: atualmente, TI é parte tão integrante dos seguros, como dos transportes. Da mesma forma, contar com apoio de engenheiros de risco aos subscritores também contribui para a avaliação justa de riscos e pode ajudar a assegurar prêmios.
Cada vez mais o seguro é uma ferramenta de estabilidade para o negócio, que, ao reduzir sua exposição, acaba por elevar sua credibilidade perante investidores. Mesmo no que diz respeito a perdas, é preciso olhar fora da caixa: a complexidade do que pode ser segurado tanto no comércio internacional como em operações além das fronteiras da matriz alcança até a cessão de lucros causados por atrasos na entrega de materiais.
A caminho de se tornar a quinta maior economia no mundo, o Brasil precisará de parceiros estruturados e capitalizados, que possam dar segurança em volumes cada vez maiores de ativos e negócios. Estamos a menos de 10 anos do prazo dado pela CEBR para ingressarmos no top five da economia global. Não há melhor hora para olhar para as oportunidades por trás dos riscos e avançar para um novo paradigma de sua gestão.
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